YOU DON'T SEE!

YOU DON'T SEE!

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

injustice


Naquela alma ecoa o sentimento perdido, vê a imagem dos momentos, ouve um murmuro das vozes perdidas pela distância que se dissipou no horizonte, as recordações correm pelo seu sangue contaminando o seu corpo, fazem-na recuar no tempo, voar pelos horizontes desconhecidos e viajar, viajar, viajar … até acordar e esquecer tudo, controlada pelo presente.
A lágrima não contida corre desalmada sem vergonha pelo rosto pequeno, pequeno demais para uma lágrima carregada de tanta dor. Levantou-se do gélido e desconfortável chão depois de tantas horas perdidas nos ponteiros, ali sentada. Apenas agarrada ao passado, apenas agarrada ao passaporte para recuar, recuar através das páginas de diários, de histórias, de imagens captadas por pequenos olhares, de palavras ditas em vão, de risos dissipados e choros vidrados… 4 paredes à sua volta e tanto que tinha ficado por dizer…
O tempo ali tinha-se imobilizado, encontrava-se unicamente preso aos objectos.
A recordação reinava na pequena clausura onde se encontrava.Tinha ficado ali, durante anos, esquecida por todos entre a incerteza de tudo estar vivo ou ter desaparecido.Hoje, percebeu finalmente que toda a gente que conhecia, ou tinha conhecido não se encontrava nem ali, nem por perto.
Tinham-na fechado num pequeno lugar angustiante julgando-a enganosamente esquizofrénica, algo que ela simplesmente nunca fora … Nunca a tinha deixado explicar as suas atitudes.
Nunca tinham parado um pouco para ouvir o outro lado.

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